Principais Artistas do Dadaísmo

TRISTAN TZARA

Tristan Tzara
            Principal artista articulador do dadaísmo Tristan Tzara, (cujo nome, atribuído a si próprio, significa “triste no país”), nasceu em 1896 na Romênia. Ele começa a teorizar, na França,  o dadá ainda na I Guerra Mundial, onde em 1916 participa da fundação do movimento.  Escreve no mesmo ano A Primeira Aventura Celeste do Sr. Antipirina, e termina em 1918, os Vinte e Cinco Poemas. Com a divulgação do manifesto do movimento, Sete Manifestos Dada, de 1924, envolve-se em inúmeras atividades com os artistas André Breton, Philippe Soupault e Louis Aragon. Tzara proclamou a sua vontade de destruir a sociedade, os seus valores e a linguagem em obras como Coração de gás em 1921, A anticabeça em 1923 e O homem aproximativo em 1931. 
Suas principais obras foram:
  • A primeira aventura celeste do Sr. Antipirina - 1916
  • Vinte e cinco poemas - 1918
  • Primeiro manifesto dadá - 1918
  • A antologia dadá. Obra coletiva - 1919
  • Sete manifestos dadá - 1924
  • Sobre nossos pássaros - 1929
  • O homem aproximativo - 1931 (editado por Visor em 1982, tradução de Fernando Millán)
  • Onde bebem os lobos - 1933
  • Meios dias ganhados - 1939
  • O surrealismo e a pós-guerra. Conferências sobre o surrealismo.
  • No ínterin - 1946
  • A fugida - 1947
  • O fruto permitido -  1947
  • A rosa e o cão - 1958 


Abaixo segue um trecho do seu texto O homem aproximativo. Tradução de Tiago Nené disponibilizado na Casa dos Poetas.

Eu estou só

“Eu falo de quem fala de quem fala que estou só
Eu sou apenas um pequeno ruído eu tenho vários em mim
Um ruído amassado gelado na intersecção das ruas
despejado no pavimento húmido aos pés dos homens
precipitados correndo com as suas mortes
À volta da morte que estende os seus braços
Sobre o relógio sozinho respirando ao sol.”



HUGO BALL 

HUGO BALL
            Nascido em 1986 em Pirmasens, na Alemanha.  Foi autor e co-fundador do movimento dadaísta de Zurique. Em fevereiro de 1916 ele fundou o Cabaret Voltaire  na mesma cidade.  Conheceu Jean Arp, Janco, Tristan Tzara, e mais tarde Huelsenbeck e Serner.  Sobre as  suas intenções referentes ao Cabaret Voltaire ele afirmou em  Lorsque je le fondis Cabaret Voltaire (Porque eu fundei o Cabaret Voltaire)  na publicação “Cabaret Voltaire” em 1916 : "É necessário clarificar as intenções do cabaré. Seu objetivo é lembrar ao mundo que são pessoas com mentes independentes - além da guerra e do nacionalismo - que vivem por ideais diferentes”.
            No mesmo ano Ball juntou-se a Tzara e criou em 1916 o Manifesto Dadaísta, apresentando sua desilusão sobre a decadência das sociedades e o terror da guerra. Uma marca indiscutível deste artista são os poemas sonoros (sem palavras), tais como o Gadji Beri Bimba e o Karawane.  Este último apresentando palavras em alemão sem sentido referindo-se a insignificância do homem frente a barbárie;

            Outras obras também importantes deste autor são:

  • Die Nase des Michelangelo - 1911
  • Der Henker von Brescia - 1914
  •  Hermann Hesse Sein Leben und sein Werk - 1917 ( Biografia de Hermann Hesse ) 
  •  Cristicism of German Intelligence - 1919 (análise do estado de espírito do povo alemão)
  • Tenderenda, der Phantast – (Romance não publicado no período dadá)
  •  Fight Out of Time a Dada Diary -  (espécie de diário dos dias vividos no Cabaret Voltaire)
  •  Flucht aus der Zeit – (Excerto do diário citado acima)

Abaixo segue um fragmento do texto daDá, de Hugo Ball, datado em 1916.

“ […] Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius Lilienstein. [...]
            A palavra, quero-a quando acaba e quando começa. Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.”





Hans Arp
HANS (JEAN) ARP

            Hans Arp nasceu na região da Alcásia, na cidade de Estrasburgo, quando ainda pertencia a Alemanha. Viveu em uma região de duas línguas e optou pela nacionalidade francesa. Devido a esse fato começou a assinar suas obras não mais como HANS e sim como JEAN ARP, apesar de continuar escrevendo suas obras em Alemão.
             Foi co-fundador do movimento dadá em Zurique após o seu primeiro encontro no Cabaret Voltaire. Em 1919, junto com o pintor Max Ernst, ligou-se ao círculo dadaísta de colônia, apresentando uma exposição coletiva no mesmo ano.

            A década de 30 marca o início de uma fase de abstração, inspirada em formas baseadas na natureza, na qual explora o crescimento orgânico de sentido biomórfico. As superfícies polidas e curvas sensuais transmitem evidentes conotações sexuais como pode-se notas nas obras "Metamorfose" de 1935 e "Coroa de Crotes II", de 1936.
            No final de sua vida Arp retorn às pinturas em relevo,  feita através de recortes de formas em volume sempre mantendo as qualidades orgânicas que caracterizam a sua obra.



Principais obras

  • Auto-retrato (1904)
  • Três mulheres (óleo sobre tela de 1912)
  • Forma (pintura em madeira de 1914)
  • Collage conforme as leis do acaso (1916)
  • Tinta china (1917)
  • Máscara de pássaro (pintura em madeira de 1918)
  • Mala de um Da (1920)
  • Busto-Figura (cartão recortado de 1923)
  • Papel rasgado (1934)
  • Mão-Pé (1936)
  • Desenho com os dedos (1941)
  • Folhas Siamesas (gravura de 1949)
  • Bastidores de Bosque (pintura em guache de 1950)
  • Pastor de Nuvens (escultura em bronze de 1953)
  • Constelação de cinco formas (litografia de 1956) 
  • Vênus de Meudon (escultura em bronze de 1956)
  • Coração de Asa espinhosa (escultura em bronze de 1958)
  • Inicial de uma folha (escultura em bronze de 1960)
  • Boneca (1962)
  • Torso-Jarrão (escultura em mármore de 1963)
  • Sol Circundado (collage de 1965)
  • O Dançarino da Lua (pintura de 1966)

Referente a sua produção literária, trazemos um de seus textos Textículos dos pássaros, traduzido por  Ricardo Domeneck, publicadas originalmente na Modo de Usar & Co.

“[..] a donzela cerimoniosamente bombeia nuvens
em sacolas de pedra e couro
gigandastes silenciosos espiralam pardais
estridentes no azul
as torres de areia entopem-se de bonecas de pano
as eclusas represam hipocampos esferas e moinhos
as barcas chama-se joão e maria e flutuam adiante
sem noção
o dragão carrega a insígnia cuca-gula e é guiado
manso pela coleira
às cidades amputa-se os pés
aos campanários dá-se pista de dança apenas em porões
por isso escapamos da obrigação de limpar as
garras cometas birutas [...]"

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